sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Dorothy Stang. Os assassinos em liberdade no faroeste verde

Um dos condenados pela morte da missionária Dorothy Stang está foragido. Outros três já podem passar o dia fora da prisão. A sensação de impunidade estimula novos crimes.

A reportagem é de Aline Ribeiro e publicada pela revista Época desta semana.

O Natal do fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura será uma festa. Ao lado da mulher e dos três filhos, ele vai comemorar a data no conforto de sua casa em Altamira, no interior do Pará. Haverá música e fartura na ceia. O momento será especial, já que há tempos ele não se reúne com a família. Bida, como é conhecido, foi condenado a 30 anos de prisão por encomendar a morte da missionária americana Dorothy Mae Stang, de 73 anos, assassinada em fevereiro de 2005. Ficou na cadeia pouco mais de cinco anos até obter, no mês passado, o direito de cumprir o restante da pena em regime semiaberto. O benefício garante a saída em festejos como Natal, Semana Santa e Dia dos Namorados. Os presos que conseguem um emprego num órgão público podem ainda ficar soltos nos dias de semana e voltar à cela apenas para dormir. “Pretendo trabalhar e viver minha vida”, disse Bida, em entrevista exclusiva. Bida desfrutará o mesmo gosto de liberdade que três de seus quatro comparsas já experimentam. Rayfran das Neves, o pistoleiro de aluguel, está no semiaberto desde o ano passado. Amair Feijoli da Cunha, o Tato, intermediário do assassinato, cumpre pena em regime domiciliar numa fazenda no interior. Clodoaldo Carlos Batista, o Eduardo, coautor do crime, se aproveitou do regime aberto, que permite passar o dia livre, para não mais voltar. Está foragido desde fevereiro.

Pouco mais de seis anos depois de um dos crimes brasileiros de maior repercussão internacional, o desfecho do caso Dorothy faz soar o alarme da impunidade. Apesar das penas altas – entre 17 e 30 anos –, nenhum dos envolvidos passará muito mais que cinco anos na cadeia. Como o assassinato ocorreu em 2005, eles são beneficiados pela legislação antiga, segundo a qual o condenado ganha o direito de pleitear o regime semiaberto depois de cumprir um sexto da sentença. Em 2007, o Congresso Nacional aprovou algumas mudanças na lei dos crimes hediondos. Hoje, o tempo mínimo que um réu primário deve ficar atrás das grades em tempo integral é dois quintos da pena.


O assassinato de Dorothy, na pequena Anapu, um município de 20 mil habitantes a 765 quilômetros de Belém, é só um retrato do panorama de desordem agrária do Pará. Anapu surgiu com a Rodovia Transamazônica e explodiu com a notícia da construção da hidrelétrica de Belo Monte na vizinha Altamira. Esse caótico cenário nasceu nos anos 1970, no período de colonização da Amazônia. Durante a ditadura militar, o governo federal estimulou a integração das terras do Norte ao restante do Brasil. A construção da Rodovia Transamazônica, hoje com quase 5.000 quilômetros, foi o marco do que prometia ser um futuro glorioso. Havia também a sensação de que os estrangeiros estavam de olho na floresta.

Além de número um em crimes no campo e trabalho escravo, o Pará é também campeão de terras em situação irregular. Um quarto de seu território é de áreas griladas, um total de 30.000 quilômetros quadrados (o equivalente à área da Itália). Há várias maneiras de grilar uma propriedade. Todas elas passam pela corrupção de cartórios, pela conivência dos institutos de terras federais e estaduais e pela pistolagem. É comum no Pará uma única área ser reivindicada por vários donos – e ganha quem tem mais poder de fogo. Depois de “legalizar” a terra, os grileiros costumam aumentar seu tamanho. Em um caso curioso, há um registro num cartório de Vitória do Xingu de uma fazenda com 4,10 milhões de quilômetros quadrados – quatro vezes o tamanho do Pará inteiro. “O Estado tem mais papel que terra. Isso viola o princípio da física”, diz Girolamo Treccani, professor de Direito Agrário da Universidade Federal do Pará (UFPA), autor do mais completo livro sobre o tema.

Nascida em Dayton, no Estado americano de Ohio, Dorothy Stang chegou ao Brasil em 1966. Com um português mal falado (despertava o riso de amigos por confundir o feminino com o masculino), percorreu boa parte das estradas esburacadas da floresta em sua lambreta, declarando uma paixão incondicional pela natureza. Naturalizou-se brasileira, foi professora de um seminário e ajudou a construir escolas em Anapu e a treinar professores. Ao lado de outras missionárias, implantou cooperativas para os trabalhadores da região, uma alternativa à derrubada da mata, fonte de renda com menor impacto ao ambiente. Uma de suas principais conquistas foi uma fábrica de processamento de frutas amazônicas, erguida com recursos da própria família. “A luta dela era uma luta intelectual”, afirma Edson Cardoso, um dos promotores responsáveis pela condenação dos assassinos. “Em vez de estimular a invasão, ela reivindicava ao governo os documentos para que essas famílias tivessem direito à terra.”

Dorothy acreditava em um novo modelo de reforma agrária. Queria assentar as famílias de agricultores em pequenos lotes de 100 hectares. Elas viveriam do plantio de subsistência e do que retirassem coletivamente da floresta, sempre respeitando o que a natureza fosse capaz de repor. Uma inovação em seu projeto dizia respeito ao contrato de posse. A despeito de se tornar donos da terra, esses agricultores tinham o compromisso de não vendê-las a grandes fazendeiros. Se quisessem partir, teriam de negociar com a associação. Era uma forma de evitar que os lotes fossem engolidos pelos grandes desmatadores, como ocorreu em boa parte do Estado. O plano de Dorothy era assumir as áreas públicas controladas por grileiros e repassá-las, com a anuência da lei, às famílias sem-terra. O alvo da disputa com os fazendeiros que encomendaram sua morte era o lote 55, onde ela pretendia estabelecer seu Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Esperança. Seus adversários consideravam os assentamentos um retrocesso econômico – argumento que faz sentido. Defender seu modelo de reforma agrária equivale a ignorar a relevância da grande propriedade, explorada de modo sustentável, para atingir os índices de produtividade necessários para o avanço e o desenvolvimento da Amazônia e de todo o Brasil. A trágica realidade da região é que esse debate se trava não apenas com ideias – mas frequentemente com armas. Em 2003, a Câmara Municipal de Anapu declarou Dorothy persona non grata na cidade. Sua resposta foi elevar o tom das denúncias.

"A luta da irmã Dorothy era uma luta intelectual " - Edson Cardoso, promotor do caso.

No dia em que foi assassinada, Dorothy levava documentos do Incra acatando a demanda dos assentados de ficar na terra. Não era um título definitivo, mas trazia esperança para ela. Ela estava eufórica. Ao cruzar com o pistoleiro Rayfran Neves e seu comparsa Batista na pequena estrada tomada por lama, Dorothy comunicou-lhes a notícia. Quando percebeu o revólver calibre 38 nas mãos de Neves, Dorothy sacou de uma bolsa de lona, companheira inseparável nas andanças, uma Bíblia surrada. Leu então uma passagem para seus executores. Impiedoso, Neves atirou à queima-roupa e fugiu. “Virei as costas e corri”, disse Neves a Época, na casa de seu advogado. “Só percebi o que tinha feito dias depois, quando estava sendo caçado pela polícia.” Neves sustenta a mesma posição assumida pela defesa dos condenados desde o começo do processo. Afirma que Dorothy era uma infiltrada do governo americano com o objetivo de explorar as riquezas naturais da Amazônia. “Ela me disse que ia tirar toda a madeira do lote e exportar para os Estados Unidos.”

A morte de Dorothy de certa maneira fortaleceu o movimento que ela ajudou a idealizar. Cerca de 230 famílias vivem hoje nas propriedades do PDS Esperança, algumas em mais segurança, outras ainda atormentadas pelos conflitos. O lote 55, disputado por Dorothy com seus assassinos, está ocupado por clientes da reforma agrária cujo único meio de sustento é a roça. “Mesmo com as dificuldades, a caminhada do povo avançou”, diz Jane Elizabeth Dwyer, missionária da mesma ordem religiosa de Dorothy, a Notre Dame de Namur, e hoje sua sucessora. Embora haja conquistas, a situação em Anapu ainda é tensa. Em janeiro deste ano, madeireiros que tentavam atuar em uma área ilegalmente interditaram uma estrada para impedir a passagem dos sem-terra. A posse dos lotes na região ainda não foi regularizada pelas autoridades.

Dorothy Stang foi vítima do pistoleiro e de seus mandantes. Mas também de um modelo de colonização que favoreceu o caos fundiário e os conflitos por terras. Os riscos que corria eram claros. No relatório anual de violência no campo de 2004, publicado pela CPT, seu nome aparecia entre os 160 ameaçados de morte no Brasil – o preço de sua vida era um dos mais altos, R$ 50 mil. Mas ela era destemida. Certa vez, numa entrevista, disse: “Ninguém vai ter coragem de matar uma velha como eu”. Naquela manhã chuvosa de 12 de fevereiro de 2005, Neves não só pôs fim à ingenuidade de Dorothy, como mostrou ao mundo a situação primitiva de algumas regiões do Brasil. Locais onde o faroeste verde determina as regras. Seus inimigos não contavam com um contratempo. “Ela virou a santa da Transamazônica”, afirma Neves. Ele ri e olha para o vazio.

site: http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=49523

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A Oração de Joe Wright

No dia 23 de janeiro de 1996 realizou-se a cerimônia de abertura dos

trabalhos da Casa Legislativa do Estado do Kansas (EUA), na cidade de

Topeka. Por lá estava o capelão substituto Joe Wright, o qual foi

convidado a dizer algumas palavras em reverência ao momento. Eis que, para

espanto geral, ele sacou da memória uma *oração de autoria do pai de Bob

Russell, da Igreja Cristã de Louisville, Kentucky (EUA), iniciando uma

das maiores polêmicas que aquele lugar já tinha visto! Transcrevo, a seguir,

suas palavras:



“Ó, Senhor, sabemos o que diz Sua palavra, ‘maldição aos que chamam o mal de

bem’, mas é exatamente o que temos feito. Nós temos perdido o equilíbrio

espiritual e invertido nossos valores. Nós confessamos que temos

ridicularizado a verdade absoluta da Sua palavra e chamado a isto pluralismo

moral. Nós temos adorado outros deuses e chamado a isto diversidade

cultural e espiritualidade dos novos tempos. Nós temos cometido adultério e

chamado a isto um caso. Nós temos aprovado a perversão e chamado a isto

estilo de vida alternativo.” E prosseguiu ele: “Nós temos explorado os

pobres e chamado a isto destino. Nós temos negligenciado os necessitados, e

chamado a isto gestão econômica. Nós temos recompensado a inércia e chamado

a isto bem-estar social. Nós temos assassinado nossos filhos que ainda não

nasceram, e chamado a isto escolha. Nós temos sido negligentes ao

disciplinar nossos filhos, e chamado a isto desenvolvimento de autoestima”.

Diante de uma já agitada platéia, a oração continuou: “Nós temos deixado de

executar a justiça rapidamente, conforme Seu comando, e chamamos a isto de

devido processo legal. Nós temos encarcerado ofensores não-violentos ao

invés de darlhes a oportunidade de uma reparação, e chamado a isto proteger

a sociedade. Nós temos deixado estupradores e assassinos livres para

escárnio dos inocentes e chamado a isto justiça”.



A esta altura, segundo consta, algumas pessoas já haviam se retirado da sala

em protesto. Mas ele prosseguiu:



“Nós temos falhado em amar nosso vizinho por conta da cor de sua pele, e

chamado a isto manutenção da pureza racial. Nós temos abusado do poder, e

chamado a isto política. Nós temos cobiçado as coisas de nossos vizinhos, e

chamado a isto ambição. Nós temos poluído o ar com profanações e

pornografia, e chamado a isto liberdade de expressão. Nós temos feito do Dia

do Senhor o maior dia de compras da semana, e chamado a isto livre empresa.

Nós temos ridicularizado os honrados valores de nossos ancestrais, e

chamado a isto iluminação”.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Jesus: um apaixonado por Deus e pelas pessoas por Francisco Orofino

Na visão do biblista Francisco Orofino, Jesus veio mostrar que todos nós podemos nos tornar divinos. Mas o caminho de nossa divinização exige de nossa parte a mais profunda humanização.
Por: Graziela Wolfart

“Creio que sempre é difícil para alguém perceber que sua proposta de amor, perdão, justiça, igualdade e fraternidade encontrou uma grande resistência por parte daqueles que falam e agem em nome de Deus. Jesus fez, antes de tudo, um enfrentamento religioso com as autoridades religiosas de sua época. E isso nunca é fácil. Ele teve que enfrentar a religião institucional nos lugares em que passava, defendendo as pessoas marginalizadas pela religião. Quando será que ele chegou à conclusão de que as práticas religiosas de seu tempo afastavam as pessoas de Deus? E que a Teologia oficial legitimava a exclusão de grande parte do povo dos serviços religiosos no Templo? E, uma vez tendo chegado a estas conclusões, quando será que ele decidiu partir abertamente para o confronto (cf Lc 9,51)? Tais conclusões com as respectivas atitudes práticas também não foram fáceis para Jesus”. A reflexão é do teólogo biblista Francisco Orofino. Na entrevista que segue, concedida por e-mail à IHU On-Line, ele afirma que, sem dúvida, o momento mais difícil na vida de Jesus “foi perceber para onde este confronto desigual o estava conduzindo e, mesmo assim, sabendo que havia uma cruz na virada do caminho, manter-se fiel ao projeto de Deus e às esperanças daqueles e daquelas que o seguiam, sem cair na tentação de fugir”. E acrescenta: “a grande escola de Jesus foi a casa familiar, a Palavra na comunidade e a história de seu povo vivida numa época de grande turbulência social, política e religiosa”.

Francisco Orofino ministra aulas para leigos no Seminário Paulo VI, em Nova Iguaçu, Rio de Janeiro. É também biblista e educador popular. Assessora grupos populares e comunidades de base nos municípios da Baixada Fluminense. É autor de vários livros e leciona em Institutos de Teologia voltados para a formação de leigos. É assessor nacional do CEBI (Centro de Estudos Bíblicos). Fez doutorado em Teologia Bíblica na PUC-Rio (2000).

Confira a entrevista.

IHU On-Line - Como o senhor descreve o processo de aprendizagem de Jesus, na condição de ser humano?
Francisco Orofino - Temos que entender o processo de aprendizado de Jesus dentro da vida cotidiana de uma aldeia da Galileia no primeiro século da Era Cristã. Ao nascer, uma criança pertencia à mãe. A mãe era a única professora, catequista, mestra que uma criança tinha. Assim, competia à mãe ensinar a língua, a religião, as tradições religiosas, as tradições familiares, enfim, tudo que fosse importante na vida daquela criança: andar, falar, comer, vestir-se, conviver, rezar, trabalhar, pensar... Temos que entender que a formação de Jesus começa em casa, e sob forte influência materna. Jesus viveu muito tempo neste ambiente familiar e comunitário. E neste ambiente comunitário, profundamente religioso, a leitura e a vivência da Palavra eram muito importantes. Se de fato Jesus sabia ler e escrever, deve-se à escola dos escribas que funcionava junto às sinagogas. Mas a vida familiar de Jesus é muito conflitante. Depois que começou sua itinerância, os parentes pensam que ele ficou maluco e queriam que ele voltasse para casa (cf. Mc 3,20-21). Nazaré era uma pequena aldeia, com horizontes muito limitados e fortes preconceitos. Jesus deve ter sido motivo de vergonha para alguns de seus parentes. Não sabemos exatamente quando Jesus saiu de Nazaré. O evangelho de Marcos insinua que ele teve moradia em Cafarnaum (Mc 2,1). De qualquer forma, os evangelhos são unânimes em dizer que a vida pública de Jesus começa depois que João Batista foi preso. Isso mostra que a inserção de Jesus nos movimentos populares proféticos de sua época, como o movimento do Batista, foram importantes em sua formação humana. Em resumo, a grande escola de Jesus foi a casa familiar, a Palavra na comunidade e a história de seu povo vivida numa época de grande turbulência social, política e religiosa.

IHU On-Line - Quais os fatos históricos mais significativos dos 30 anos de Jesus em Nazaré?
Francisco Orofino - Creio que os fatos históricos mais significativos na vida de Jesus estão relacionados com a ocupação romana e a administração herodiana feita em nome de Roma. Logo após a morte de Herodes, o Grande (4 aC) explodiram muitas revoltas na Judeia e na Galileia. Este clima de violências e de revolta vai durar até a grande guerra judaica contra Roma, entre 66 e 73 d.C. Portanto, Jesus viveu um dos períodos de maior turbulência política e religiosa da história da Palestina. Quando da grande revolta após a morte de Herodes, a capital da Galileia, Séforis, distante uns 8 km de Nazaré, foi totalmente arrasada e sua população escravizada. Neste período, em Nazaré, o menino Jesus, “crescia em sabedoria, tamanho e graça diante de Deus e dos homens” (cf. Lc 2,52). Estas revoltas que surgem depois da morte de Herodes mostram que o povo está à procura de um rumo. Surgem muitos líderes apontando a realização das antigas promessas feitas por Deus ao povo ao longo da história. O povo começa a seguir muitos líderes populares como Judas, o Galileu e Teudas (cf. Atos 5,36). Esta movimentação popular aumentará sempre mais a repressão romana. Esta tensão político-religiosa sem dúvida foi marcante na vida de Jesus. Como estes fatos chegavam e repercutiam numa pequena aldeia como Nazaré, fica difícil de dizer e de imaginar. O que podemos deduzir é que num determinado momento de sua vida, Jesus sai de Nazaré e vai trabalhar em Cafarnaum. Pode ter sido mesmo por questões de trabalho e de sobrevivência. Em Cafarnaum tem uma proximidade muito grande com as colônias de pescadores. Dos seus doze apóstolos, cinco são pescadores, provavelmente gente sem instrução. De lá Jesus se insere no movimento popular do Batista. Depois da prisão do Batista, Jesus começa sua pregação. Seus primeiros discípulos também saem do movimento do Batista (cf. Jo 1,37).

IHU On-Line - Quais os momentos mais difíceis vividos pelo Jesus homem?
Francisco Orofino - Creio que sempre é difícil para alguém perceber que sua proposta de amor, perdão, justiça, igualdade e fraternidade encontrou uma grande resistência por parte daqueles que falam e agem em nome de Deus. Jesus fez, antes de tudo, um enfrentamento religioso com as autoridades religiosas de sua época. E isso nunca é fácil. Ele teve que enfrentar a religião institucional nos lugares em que passava, defendendo as pessoas marginalizadas pela religião. Quando será que ele chegou à conclusão de que as práticas religiosas de seu tempo afastavam as pessoas de Deus? E que a Teologia oficial legitimava a exclusão de grande parte do povo dos serviços religiosos no Templo? E, uma vez tendo chegado a estas conclusões, quando será que ele decidiu partir abertamente para o confronto (cf Lc 9,51)? Tais conclusões com as respectivas atitudes práticas também não foram fáceis para Jesus. Mas, sem dúvida, o momento mais difícil foi perceber para onde este confronto desigual o estava conduzindo e, mesmo assim, sabendo que havia uma cruz na virada do caminho, manter-se fiel ao projeto de Deus e às esperanças daqueles e daquelas que o seguiam, sem cair na tentação de fugir.

IHU On-Line - Qual a importância do sofrimento humano de Jesus para a compreensão de sua divindade?
Francisco Orofino - A palavra que geralmente define este sofrimento humano de Jesus é a palavra “paixão”. Ora, nos relacionamentos humanos, a palavra “paixão” é muito positiva. Define um sentimento gostoso e intenso. Quem já sentiu e viveu uma grande paixão sabe disso. Como canta Vinicius de Moraes “quem nunca curtiu uma paixão, nunca vai ser nada não!” Ora, a palavra “paixão” relacionada a Jesus toma uma conotação negativa, de sofrimento doloroso. E de um sofrimento necessário e pedido por Deus. Como se Jesus só poderia demonstrar sua divindade assumindo o sofrimento humano. Eu penso que temos que recuperar a palavra “paixão” em Jesus de maneira muito positiva: Jesus era antes de tudo um apaixonado por Deus e pelas pessoas. E trouxe, em seus gestos e palavras, uma proposta de um Deus amoroso e apaixonado. E aqui temos que entender a dor de Jesus. Nada dói mais do que a gente perceber que nossa proposta de amor apaixonado está sendo rejeitada pela pessoa amada. Como lembra o evangelho de João: “veio para os seus, mas os seus o rejeitaram!” (cf. Jo 1,11). Rejeição dói. Rejeição de um amor livre e gratuito dói mais ainda. Manter-se fiel a este amor, mesmo se sabendo rejeitado, revela algo do rosto divino de Jesus.

IHU On-Line - Quais as características humanas mais interessantes de Jesus?
Francisco Orofino - Creio que a principal característica humana de Jesus era a de ele ser uma pessoa absolutamente normal. Jesus não era um asceta, como esperamos de qualquer líder religioso. Ele não fazia retiros prolongados, nem jejuns penitenciais. Pelo contrário, era um festeiro. Por isso era conhecido como “comilão e beberrão” (Mt 11,19). Este espírito de festa, de acolhida e de convivência, principalmente com as pessoas marginalizadas, deve ter causado muito impacto na vida das pessoas simples da época. É como se Jesus dissesse: é impossível ser amigo desta gente toda e ao mesmo tempo ser conivente com o sistema religioso que os marginaliza. Esta cordialidade de Jesus para com todos, especialmente com as mulheres, causou estranheza nos próprios discípulos (Jo, 4,27).

IHU On-Line - Como podemos entender melhor as frases “Jesus é humano, muito humano, ‘tão humano como só Deus pode ser humano’” (Papa Leão Magno); e “Ele veio nos mostrar o caminho para quem quer ser divino: antes de tudo ser profundamente humano!”. (Fl 2,6-11)?
Francisco Orofino - Estas frases querem nos ajudar a entender o mistério da Encarnação de Jesus. Desde a revelação de Deus a Moisés no Sinai (Ex 3,7) fica claro que na proposta religiosa judaico-cristã não é o ser humano que se eleva, mas é Deus que desce. E esta descida de Deus, que atinge seu ponto máximo na encarnação de Jesus, é provocada pelo grito do pobre, do marginalizado, do excluído, do escravizado. A mais antiga reflexão que temos sobre a encarnação de Jesus é o hino que Paulo transcreve na carta aos filipenses. Paulo constata que o movimento natural dos seres humanos é querer ascender, atingir o topo, suplantando todos ao redor. Ao apresentar o hino, Paulo lembra que Jesus estava no topo. Era de condição divina. Mas não se apega a esta posição e começa a descer. E esta descida só acaba na execração pública da crucificação. Mas baixo do que isso, impossível. Mas é exatamente quando Jesus atinge este ponto máximo de humilhação que o Pai o exalta e o eleva. Fica claro então os inúmeros paradoxos de Jesus: “quem quiser ganhar a vida vai perder... quem souber perder a vida por amor, vai ganhar...” (cf. Mc 8,35 e paralelos). Jesus veio mostrar que todos nós podemos nos tornar divinos. Mas o caminho de nossa divinização exige de nossa parte a mais profunda humanização. Temos que nos abrir para a convivência com os outros. Para Jesus, mais importante que o relacionamento com Deus é o relacionamento com as pessoas. Este deve ter sido um dos pontos centrais na pregação de Jesus. Assim registra de maneira radical a Primeira Carta de João: quem não ama seu irmão é assassino! (1Jo3,15).

terça-feira, 13 de setembro de 2011

A fé como produto ---> Pe. Zezinho, scj

Em várias igrejas cristãs, mercê de uma catequese imediatista que privilegia o sentir, mais do que o estudar, o aprender e o compreender cresceu o número de pregadores que dicotomizam a fé entre o bem e o mal. Não há "pode ser" nem "talvez". Trabalham com o certo e o absoluto. Tudo é anjo ou demônio, tudo é oito ou oitenta, tudo é Deus e anti-Deus. Entre São Paulo e Rio de Janeiro há pelo menos vinte cidades onde se pode morar com razoável conforto. Quem achasse que só se pode morar ou em São ou no Rio de Janeiro demonstraria incapacidade de assimilar a realidade.

São eles que em plena televisão ou congresso, quando apaga a luz atribui o fato ao inimigo, quando volta a acender após as preces que um deles comanda atribuem a volta a luz aos anjos. Recentemente um pregador olhou insistentemente o relógio de pulso que parecia não funcionar. A invés de ignorar o fato, dramatizou. Pôs a culpa no maligno, tirou o relógio do pulso e o jogou para os bastidores. O maligno estaria prejudicando sua pregação ao fazer parar o seu relógio de pulso. Outro atribuiu a epidemia da dengue ao demônio da dengue que comandava os mosquitos para levarem a doença aos lares. Solenemente expulsou-o do Brasil.

Os fatos se multiplicam e se repetem. Pior em tudo é que muitos que assim fazem estudaram teologia, mas resolveram praticar uma fé mágica que vê anjos onde não há e demônios onde nunca houve. Supersimplificam a vida decidindo que o que prejudica os fiéis é do demônio e o que faz bem é dos anjos e do céu. Assim, o câncer é obra do demônio e a cura é obra do céu, exceto quando um deles fica enfermo. Aí, é provação do céu, porque o demônio não poderia ferir quem já é do Cristo.

Sua visão de Cristo foge à teologia num flagrante sinal de que não estudaram a matéria. Garantem que têm visões e revelações especiais e veiculam isso pela imprensa. Garantem curas que, não verificadas ficam por isso mesmo. E houve aquele que disse que somos cristãos porque somos filhos do Cristo. Disse também que amor filia é o mesmo que amor filial. Como ninguém contesta, tais pregações prosseguem.

Um dizia que o rock não pode ser musica cristã porque é som do demônio, outro afirmava que determinada canção muito cantada entre católico, se tocada de trás para frente era um louvor a satanás. E houve aquele que garantiu que Maria não tem poder nenhum porque ela está dormindo à espera da ressurreição, mas que seu pregador preferido opera milagres com um simples toque. Aleluia! O pregador daquela igreja está salvo e tem mais poder do que a mãe de Jesus que está morta e ainda não chegou ao céu! A conclusão é óbvia: para ele Jesus tem poder só na terra, mas não tem depois da morte porque é incapaz de levar até a mãe dele para o céu! Um trecho de Paulo lhe garante que o céu só se abrirá no ultimo dia da humanidade. Esqueceu os outros trechos da mesma Bíblia que falam de salvação imediata e que dizem que Jesus tem todo o poder no céu e na terra...

É claro que o fiel que vê alguém jogar fora óculos, cadeira de rodas e muletas ao som de uma prece escolherá esta igreja, e não a outra na qual o pegador manda pensar e diz que o milagre não tem hora nem lugar marcado para acontecer. Entre o milagre que pode acontecer, mas não se sabe quando porque é Deus quem decide operar e aquele que garantidamente acontece no culto das 20h e no do sábado, o fiel que busca resultado vai lá onde milagres acontecem ao comando de um pegador poderoso em obras e palavras.

O mundo sempre escolheu o imediato. Esperar é virtude que poucos cultivam. Também não esperam pelo céu. Porque sentar-se à espera de uma refeição que demoraria 30 minutos se ele pode encomendar um prato feito em dois ou três?

A fé do prato feito, imediata tomou conta de inúmeras igrejas. Do restaurante de comida boa, mas cujas refeições demoram, muitos mudam para o restaurante ao lado que servem na hora comida quentinha. Quem serve mais depressa ganha a freguesia. Exceto quando a freguesia descobre o valor do diálogo à mesa e sabe que refeição não é só questão de comer e saciar-se. Pode ser ágape! Mais do que comer é estar juntos!
Cont.
www.padrezezinhoscj.com

sábado, 3 de setembro de 2011

Grito dos Excluídos 2011


Em sua 17ª edição, o Grito tem por tema: Pela Vida grita a TERRA… Por direitos todos nós! As catástrofes ambientais, conseqüência do desequilíbrio causado pelo modelo de produção vigente do sistema capitalista, a miséria e a pobreza, a concentração de riquezas e exploração irresponsável dos recursos naturais, são gritos por cuidado, justiça e dignidade que ecoam mundo afora.
O Grito dos/as Excluídos/as pretende levar às ruas o grito da Mãe Terra sofrida com tantos projetos de morte, os quais, escondidos atrás das máscaras do desenvolvimento, destroem a natureza e colocam em risco toda espécie de vida sobre o Planeta. Conseqüência também desse modelo de desenvolvimento capitalista, que visa tão somente o lucro desenfreado de alguns poucos, é a negação dos direitos básicos da população: saúde, educação, moradia, acesso à Terra, à Água, lazer, cultura, emprego, soberania alimentar… O governo anuncia o ascenso de 35 milhões de pessoas à classe média, porém, isso não significa que os direitos básicos destes e dos que continuam a linha de pobreza e miséria tenham sido garantidos.
Por isso, o Grito dos Excluídos defende: Pela vida, grita a Terra... Por direitos, todos nós! Trata-se da manifestação dos trabalhadores e trabalhadoras frente às ameaças que colocam em risco a natureza e o ser humano. Segundo os organizadores do Grito, é necessário que as vésperas da Rio +20 as organizações populares dos diversos setores se posicionem sobre estes temas tão importantes.
O Grito dos Excluídos é um evento nacional, e em 2011 celebra sua 17ª edição. É uma manifestação popular carregada de simbolismo, é um espaço de animação e profecia, sempre aberto e plural de pessoas, grupos, entidades, igrejas e movimentos sociais comprometidos com as causas dos excluídos.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

DIA 29 DE AGOSTO DIA NACIONAL DE COMBATE AO FUMO

O dia 29 de agosto foi escolhido como o dia nacional de combate ao fumo, quando são desenvolvidas campanhas alertando as pessoas dos males que o cigarro causa.

Desde 1840 o cigarro passou a ser industrializado, proporcionando um grande aumento de pessoas que fumam por todo o mundo. Antes, os cigarros eram feitos manualmente, como os cigarros de palha.

Fumar faz mal porque o fumo quando queimado produz mais de quatro mil substâncias químicas, sendo que sessenta delas são cancerígenas.

A dependência é causada pela nicotina, um dos elementos presentes no tabaco ou fumo. Após a ingestão da fumaça, o cérebro é estimulado ao prazer, porque a nicotina cai na corrente sanguínea. Com isso, o fumante tem sensação de bem-estar, atenua a ansiedade, diminui a fome, perde peso, sente-se relaxado, etc.

O fumo é uma planta variável em mais de sessenta espécies, que podem ser preparadas para mascar, cheirar ou fumar. Porém, apenas algumas delas são cultivadas para o processo de industrialização.

O fumante, com o passar do tempo, adquire uma doença denominada tabagismo, que se caracteriza pelo excesso de nicotina no organismo.

O tabagismo não é facilmente curado, pois os efeitos do cigarro são processados pelo cérebro e causam prazer. Com isso, o tratamento volta-se para psicoterapias, acupuntura, uso de adesivos e chicletes de nicotina (que juntam pequenas quantidades da mesma no organismo até que a pessoa chegue à baixa taxa), inaladores ou sprays nasais.

Os maiores produtores de fumo do Brasil são os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Minas Gerais e Bahia.

As espécies mais cultivadas são de fumo para cigarro, charuto, cachimbo e o fumo de corda (aquele de rolo).

O maior dos malefícios do consumo de fumo é o câncer de pulmão, que responde por 90% dos casos da doença. Além desse, o cigarro também pode causar câncer de boca, mau hálito, dentes amarelados, impotência sexual, gangrena em partes do corpo (diminuição da circulação do sangue), dentre outras.

Ajude, oriente, participe, essa campanha precisa de você!

Por Jussara de Barros
Graduada em Pedagogia
Equipe Brasil Escola
http://www.brasilescola.com/datacomemorativas/dia-nacional-combate-ao-fumo.htm


QUEM FUMA DANÇA

Da Natureza cósmica,
a beleza da Vida.
Da orquestra que toca
a incerteza vivida.
Do vício que sufoca
o fumo escraviza.
Do palco, aplaudida
a dança do tango:
"Fumar é um prazer,
sensual, divinal..."
O casal dança e fuma.
Aplauso sensacional...
Fumar é morrer,
aos poucos, sem saber!
Faz sofrer ao perceber
que não há tempo a perder...
O exemplo é imortal,
na fumaça que dança.
O pulmão que é mortal,
oxigênio não alcança,
com sobrevida irreal,
perde a fé e a esperança.
Ao casal que fuma e dança,
no leito, a dor é real.
Já não existe Aliança,
porque o vício é fatal.

Autora: Sílvia Araújo Motta
http://www.velhosamigos.com.br/DatasEspeciais/dianacionaldecombateaofumo.html

sexta-feira, 17 de junho de 2011

‘’Jesus de Nazaré, a sua causa e o seu Reino’’ é o que devemos buscar, afirma dom Pedro Casaldáliga

“Denunciar a iniqüidade do mercado total, do consumismo desenfreado, do lucro excluidor das maiorias. Fazer da Fé cristã luz e força para combater esse sistema de iniqüidade que mata de fome milhões de pessoas da grande família de Deus deve ser o papel da Igreja”. A afirmação é de dom Pedro Casaldáliga em entrevista ao blog Movimento Contra a Miséria – MCM, 15-06-2011.

--> A teologia da libertação teve um impacto no nosso país principalmente nas comunidades eclesiais de base, hoje ela encontra-se um pouco distante da juventude, você acredita que ela precisa de uma renovação para se tornar mais acessível aos jovens brasileiros?

"A renovação sempre é necessária e a Teologia da Libertação tem-se renovado constantemente, sobre tudo, assumindo mais explicitamente as identidades étnico-culturais e outras causas que num primeiro momento não eram destacadas: partiu-se da libertação socioeconômica e vem-se abrangendo cada vez mais a libertação integral, holística, da luta contra a fome à vivência da mística. Sempre a verdadeira renovação será voltar mais e mais a Jesus de Nazaré, a sua causa, que é o Reino".

--> Os movimentos que visam um Evangelho próspero, financeiramente falando, têm crescido significativamente na América Latina. Como você enxerga este acontecimento?

É só abrir o Evangelho de Jesus de Nazaré e escutar seu coração e sua palavra. Tudo o que seja dinheiro é suspeito. “Não podeis servir a dois senhores” A evangelização não deve procurar a prosperidade financeira da Igreja mas a partilha fraterna de todas as filhas e filhos de Deus. Não se deve optar pelo lucro, mas pelos pobres. Não é com a riqueza que a Igreja vai dar testemunho de Jesus. O Evangelho pede sobriedade, despojamento, a favor dessa Humanidade jogada à beira da estrada da exclusão. A Eucaristia é a mesa da partilha fraterna e sororal.

--> Qual deve ser a posição da Igreja latino americana na sociedade atual diante globalização, de um neoliberalismo que traz um discurso que materializou a felicidade e que a cada dia deixa mais ao margem os pobres?

A posição da nossa Igreja só pode ser de profecia que contesta o materialismo neoliberal e anuncia uma sociedade alternativa, esse Outro Mundo Possível que está sendo consigna de tantas pessoas e entidades em toda a Terra. Denunciar a iniqüidade do mercado total, do consumismo desenfreado, do lucro excluidor das maiorias. Fazer da Fé cristã luz e força para combater esse sistema de iniqüidade que mata de fome milhões de pessoas da grande família de Deus.

--> Como você imagina a construção de uma nova alternativa em relação ao sistema que vivemos hoje?

A construção de uma nova sociedade, alternativa à que é imposta hoje ao mundo, é um processo complexo, uma caminhada histórica, não tem uma cartilha pronta em detalhes dentro da plural humanidade. De todo jeito eu só posso imaginar esse processo como socializador: socializar a terra de lavoura e de moradia, socializar a saúde, a educação, a comunicação, as oportunidades para viver ‘o bem viver’ que proclamam os nossos povos primigênios.

--> Tenho a impressão que no nosso país as pessoas que lutam por justiça ainda são “crucificadas”, como no caso de Maria e José no Pará, ou Dorothy Stang há alguns anos, são casos de pessoas que avisaram o perigo que corriam, mas novamente nada foi feito ao respeito. A quais meios o povo pode recorrer ou está só nesta luta?

Sempre foi e sempre será um risco a entrega total da própria vida às grandes causas da justiça, da fraternidade, da paz. Nos, os cristãos, sabemos por que Jesus acabou crucificado. Ser profeta é facilmente ser mártir. Aqui, na Prelazia de São Félix do Araguaia, estamos celebrando nos dias 16 e 17 de julho a Romaria dos Mártires de Caminhada; milhares de irmãos e irmãs que foram dando a vida pelas causas do Reino de Deus; que continuam dando a vida, como Dorothy Stang, como o casal José Cláudio e Maria do Espírito Santo. Felizmente o próprio povo têm o seus profetas e, no meio desse sistema de morte que domina no mundo, há muita indignação, muita vitalidade alternativa, muita solidariedade; o bem está vencendo o mal; a vida e o amor, dons do Deus do Amor e da Vida, têm a palavra. Porque Deus é Amor, nós somos esperança. A Humanidade não está só, Deus é Deus conosco; sobre tudo com os pobres e com os lutadores. Essa fé, que é esperança, deve ser prática, luta, dia a dia; e deve-se traduzir em outro ‘poder’, ‘outra política’ verdadeiramente popular, sem corrupção, sem disparidades escandalosas, sem impunidade assassina.

Esta é parte da entrevista de um dos grandes profetas de nosso tempo: dom Pedro Casaldáliga.
A reportagem completa esta no site: http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=44384